31 julho 2010

PostHeaderIcon Faxator - Envio de fax gratuito e por email!

Não sei se existem outros na internet, mas o serviço prestado pela "Faxatox.com" é sensacional!
Ao chegar, enquanto estiver, e ao ir embora da Itália você frequentemente precisará enviar fax com documentos, comprovantes, solicitações, etc. Provavelmente você não terá um aparelho que lhe permita enviar fax em casa. Nas tabacarias (tabaccherie) você poderá fazer isso, mas além de pagar cerca de 1 euro por página (às vezes mais), frequentemente terá que sair com neve (inverno), chuva ou sol intenso (verão) para enviar a porcaria do fax.
Com o Faxator, parafraseando as Organizações Tabajara: "seus problemas se acabaram"! Você envia gratuitamente a partir do seu email pessoal até 10 fax por dia (de no máximo 5 páginas cada um) dia e 100 por mês - para qualquer telefone da Itália. Para tanto, você terá apenas que fazer um rápido cadastro no site e obter sua "chave". Não tenho certeza, mas parece que o serviço está disponível apenas para italianos (ou seja, trata-se de um serviço de fax de telefones italianos para telefones italianos).
Dúvidas frequentes (em italiano).
26 julho 2010

PostHeaderIcon Cancelar contratos na Itália

Gente, vocês não têm idéia do trabalho que dá para se deixar um imóvel (alugado) na Itália.
Antes de contar nossa história, ecco un consiglio: planejem o desligamento do serviço com antecedência e certifiquem-se de que os seus contratos estão mesmo encerrados e, sempre que puderem, solicitem confirmação por escrito.
Bem, não sei bem por onde começar, porque temos algumas histórias tristes para contar. A primeira delas pode ser a da Hera, empresa que  - pelo menos na nossa região - presta serviços de meio ambiente (recolhimento de lixo), fornecimento de água e gás. Liguei para esta empresa avisando que deixaríamos nosso imóvel (mais de um mês antes da data prevista). Disseram que o desligamento é procedimento simples e que eu poderia ligar novamente quando faltassem pelo menos 10 dias. Assim o fiz. Disse que deixaria o imóvel dia 15 e que, portanto, minha água poderia ser cortada neste dia. O atendente não confirmou o desligamento para o dia 15, alegando "depender de confirmação do sistema". Depois de alguns dias, recebo um email avisando que meu desligamento estava agendado para o dia 13, das 10 às 12h. Aborrecido, liguei (mais uma vez) para o call center da empresa solicitando que o desligamento fosse efetuado não no dia 13, mas no dia 15. O atendente, desta vez, confirmou que assim seria (dia 15, das 8 às 10h). Para encurtar este post: no dia 13 nossa água foi cortada (e "nossas lágrimas ligadas")...
Com a Fastweb, empresa que na minha região presta serviços de telefonia, internet e TV por assinatura,  o "negócio" foi diferente. As solicitações de encerramento de conta para esta empresa são sempre feitas por correio, com aviso de recebimento. Cada cliente deve, pelo menos 1 mês antes da data prevista, enviar por "AR" a solicitação de desligamento. Assim o fiz. Isso foi no dia 8 do mês anterior. Dia 12, liguei para o maledetto call center para verificar o que acontecera, já que meus serviços continuavam ativos. Disseram-me que minha solicitação - ainda que tenha sido recebida (eu tinha o AR assinado) - não fora incluída no sistema. Percebendo a "situação", perguntei o que poderia ser feito, neste caso. Sugeriram que eu enviasse um Fax (coisa que não tenho em casa) com toda a documentação enviada por AR mais o comprovante de envio do dia 8 e o AR assinado. Fiz  isso, e nada.
Acontece que, pelas regras desta empresa, os clientes devem devolver os aparelhos de sua propriedade (modem, receptor de TV por assinatura). Tentei fazer isso mas não me permitiram, já que o recebimento não estava autorizado, pois não havia nenhuma solicitação de cancelamento minha no sistema da SlowFastweb. Eu teria que pagar, portanto, uma multa de 40 euros por não devolver o modem. Procurei um número de "PROCON" e não encontrei nenhum (se o leitor souber de algum na Itália, por favor deixe o número nos comentários).
Liguei novamente para o call center. Perguntei o que poderia ser feito e o atendente não sabia responder. Pedi para falar com o seu supervisor e ele me disse não ter um supervisor (nessa hora fiquei com medo: "- existem call centers não supervisionados?", perguntei a mim mesmo). Pedi para falar com o departamento que assina os ARs ou recebe Fax de clientes e tal pessoa alegou não possuir tais informações. Depois de 20 minutos de conversa furada, resolvi desistir. 
Por sorte, resolvi procurar no Google um telefone Fastweb (que não fosse o maledetto call center). Encontrei um número de Milão. Era do "Ufficio Stampa" da Fastweb, o qual nada tem a ver com reclamações de clientes. Por incrível que pareça, entretanto, foi lá que meu problema foi resolvido. Uma pessoa muito gentil e com muito boa vontade se encarregou de me isentar da multa (40 euros) e dar seguimento às minhas solicitações de desligamento. UFA! Pensei que não escaparia dessa...
Neste mesmo dia, correndo o risco de ter um infarte, motivado em "encerrar tudo", fui até minha agência bancária fechar minha conta corrente. Esperei alguns minutos para ser atendido. O caixa me encaminhou para uma pessoa que, aparentemente, se encarregava do fechamento de contas. Esperei mais alguns minutos, já que esta pessoa atendia um outro cliente. Estava ao telefone. Pediu para que eu me sentasse. Quando disse que queria encerrar minha conta, a funcionária me explicou que tal procedimento deve ser feito com o gerente da agência (dá para acreditar?). Em seguida o telefone dela tocou novamente e eu nem tive oportunidade de "mandá-la para aquele lugar" debater o assunto. Como o leitor sabe, encerrar um conta bancária é um procedimento MUITO COMPLICADO. O bancário precisa de 3 doutorados em Harvard para "passar a régua"...
No dia seguinte, voltei à agência. Dirigi-me diretamente ao gerente. Encerrei a conta em 3 minutos (não sei se chegou a tanto). Disse-me que dentro de uns 20 dias a conta JÁ (também não entendi o advérbio) estaria encerrada. Pasmado com a rapidez e eficiência, fui embora.
Bem, ainda não sei onde tudo isso vai parar. Pode ser que nas faturas que ainda estão para chegar (as últimas) ainda me cobrem algo que eu não tenha me dado conta. A promessa é que me devolvam as cauções (cada vez que se abre um contrato na Itália o cliente paga uma caução que varia de 15 a 100 euros, dependendo do serviço e da empresa que o fornece).
De qualquer maneira, o que quero reforçar é que, além do habitual estresse gerado pela mudança, os contratos de água, energia, telefone/internet, gás, etc. darão a você uma boa quantia de cabelos brancos... Fique alerta!
23 julho 2010

PostHeaderIcon Coroa de louros (Laurea)

Nas "Laureas", ou formaturas universitárias da Itália, é costume se colocar uma coroa de louros sobre a cabeça dos formandos (como na foto ao lado) tão logo estes recebam o título. Daí a expressão "laurearsi". Em latim, "laurus" significa "louro" (em português seria algo como "enlourar-se"). É um costume muito legal. Tipicamente por volta dos meses de julho e fevereiro, você verá nas universidades italianas alunos "laureados" (laureati), isto é, usando estas curiosas coroas...
A origem do uso da coroa de louros está no mito de Dafne, uma ninfa que transmutara-se em um pé de louro para fugir de Apolo. O deus, então, fizera com as folhas uma coroa, com a qual passou a ser representado.
Na Grécia Antiga, em vez de receberem as atuais medalhas de ouro, prata e bronze, os atletas eram premiados com as coroas de pequenos ramos de oliveira entrelaçados, que representavam a suprema glória para a alma grega. Na mitologia grega este era um dos símbolos usados por Apolo, deus da Luz, da Cura, da Poesia, da Música e da Profecia, protetor dos atletas e dos jovens guerreiros. Em Atenas, a coroa de louros como símbolo de distinção e glória foi substituída pelos ramos de oliveira, considerada a árvore protetora da cidade. Apesar de não ter valor material, a coroa tinha um significado muito especial para os atletas e para a cidade de onde provinham, que os receberiam com grandes festas e criando estátuas em homenagem aos vencedores.
A coroa de louros, ou láurea (que na Itália significa também "cerimônia de formatura" ou "grau universitário"), passou então a simbolizar a vitória, sobretudo nos Jogos Olímpicos.
20 julho 2010

PostHeaderIcon A Tragédia de Pompéia

Depois de conhecer Pompéia, ficamos muito curiosos  quanto à sua história. Encontramos na internet o relato (de René Guerdan) das horas que se seguiram à erupção do Vesúvio. Apesar de ser um pouco longo, vale a pena conferi-lo e viajar no tempo por quase 2000 anos!
Nas horas que se seguiram à erupção do Vesúvio, morreram 16 mil habitantes de Pompéia. Hoje, é possível reconstituir esta tragédia passo a passo, como se estivéssemos presentes.
Pompéia, uma cidade de 20 mil habitantes, produtora de vinho e azeite, vive hoje, 24 de agosto de 79 d.C., um dia de festa. Um grupo de teatro vindo de Roma deve se apresentar no Grande Teatro. Começando por volta das 11 horas da manhã, o espetáculo deve durar, como sempre, até a noite. São um pouco mais de dez horas.
Os padeiros, com suas cestas de doces nos braços, se dirigem às arquibancadas. Diante das thermopolia, bares ao ar livre da Antigüidade, os consumidores terminam de beber suas últimas taças de posca e as lojas começam a descer as persianas de madeira, sinal de fechamento. O dia está bonito e, como na véspera, se anuncia quente.
De repente, ouve-se uma explosão. Espanto! Num instante, todos estão na rua. Espetáculo alucinante, o topo do Vesúvio havia se partido em dois. Uma coluna de fogo escapa dali. É uma erupção! De início, todos se assustam e se interpelam. Havia pelo menos 900 anos que o vulcão não dava sinais de vida. Dizia-se que ele estava extinto. Logo depois é a agitação. Em volta começa a desabar uma chuva de projéteis: pedras-pomes, lapíli e, às vezes, pedaços de rochas - fragmentos arrancados do topo da montanha e da tampa de lava resfriada que obstruía a cratera.
Num instante, as praças e ruas se esvaziam. Aqueles que não moram no bairro correm para se refugiar sob uma abóbada, um pórtico, qualquer abrigo, enquanto outros se apressam em correr para se proteger em casa. O que fazer, pensam, a não ser esperar? O bombardeio terminaria mais cedo ou mais tarde. Durante 20 minutos, a erupção faz misérias, cobrindo a cidade com 2,60 metros de escórias. Em seguida, uma poeira arenosa toma o lugar das pedras-pomes e os lapíli diminuem. A esperança aumenta. Alguns audaciosos arriscam até a colocar o nariz para fora. Do Vesúvio sai somente uma coluna de fumaça. Mais um pouco de paciência e tudo deverá voltar ao normal.
DESTRUIÇÃO
Assim, duas horas se passam. O que fizeram os habitantes de Pompéia durante este período? Não se sabe muito. Em compensação, sabemos o que fez o Vesúvio. No interior da cratera, após a expulsão da tampa de lava, a pressão começou a cair vertiginosamente. O magma vulcânico, que dormia há séculos, começou lentamente a espumar e, às 13 horas, rasgando o ar, destruindo as casas, virando de ponta-cabeça as colunas dos pórticos, saiu bruscamente numa série de explosões. Do vulcão vê-se escapar uma nuvem monstruosa em forma de pinheiro - um cogumelo, como nós diríamos hoje. E, subitamente, fez-se noite em pleno dia. Uma noite marcada com alguns raios lívidos. As cinzas agora caem na forma de uma chuva tão densa que obscurece o sol.
Infelizmente, a chuva não é somente densa: ela está carregada de vapores clorídricos. É pela intoxicação por gás, e não por soterramento, que morrerão as pessoas em Pompéia. A primeira guerra química contra o homem foi feita pelo Vesúvio. Só agora, enfim, os habitantes de Pompéia decidem fugir. Mas eles haviam perdido duas horas preciosas. Abandonando seus abrigos, suas casas, tomando ou não o cuidado de levar consigo seus tesouros, milhares se dirigem às portas da cidade nesta noite negra.
Aqueles que moravam no noroeste se precipitaram naturalmente para a porta de Herculanum. Alguns carregavam diante de si uma lâmpada a óleo, como se uma chama pudesse resistir algum tempo àqueles ventos, àquela chuva viscosa de cinzas. A maioria colocou sobre a boca uma almofada ou uma telha encontrada pelo caminho. Mas será que alguém pode se defender contra um inimigo que se insinua em todas as partes através de uma fina poeira carregada de vapores clorídricos?
Nessa escuridão varrida por um vento de tempestade, fragilmente iluminada de vez em quando por projéteis de fogo, não há mais pobres ou ricos. Somente sombras que se debatem, desesperadas, umas contra as outras e que tropeçam nas escórias ou sobre o corpo de alguém agonizando após ter sido abatido pelo furor do Vesúvio. Em sua pressa de chegar mais rápido, alguns chegaram até a tirar as roupas e correm nus.
À porta! Chegar até ela antes que os destroços voando das casas nos derrubem, antes que a chuva de cinzas nos asfixie! E à porta, à porta miraculosa, a maioria chegará. Mas não será a porta do Paraíso, será a porta do Inferno!
O vento soprava do noroeste e vinha do Vesúvio. Sair pela porta de Herculanum significava ir em sua direção, ou seja, jogar-se numa tempestade que nenhuma construção ou abrigo poderia amenizar. Sufocados e cegos, aqueles que depois de tantos esforços tinham conseguido atravessá-la têm apenas um desejo: dar meia- volta e encontrar o que, no instante anterior, parecia o paroxismo do horror. Mas como lutar contra a multidão que sobe? Mulheres, crianças tentam e são imediatamente pisoteadas.
ABRIGO
E assim, por ironia, em meio ao pânico generalizado, é nos jazigos pelo caminho que os vivos vão buscar abrigo. Uma mulher que carregava uma criança corre para se abrigar num mausoléu, mas este desaba sobre ela. Um grupo de quatro pessoas, dentre as quais uma mulher ricamente enfeitada - apertando um bebê contra o seio -, se refugia com pressa sob o pórtico de uma tumba. Mas o pórtico também desaba e mata a todos. A Via dos Sepulcros nunca mereceu tanto o seu nome como neste dia! Os banqueteiros se reuniram num triclínio fúnebre. Estendidos sobre seus leitos de repouso, eles honram a morte. Celebrando o soterramento de um parente, é o deles próprios que terminarão por celebrar.
Mas voltemos à multidão desesperada que procurava chegar até as outras portas da cidade. No sudeste, a porta Marina estava particularmente lotada. Longe do Vesúvio e da direção do vento, ela levava ao mar aberto, à salvação. Primeiro passaram por ela todos os que passeavam ou trabalhavam no Fórum, ou ainda aqueles que tinham ido banhar-se nas termas. Em seguida, no momento do pânico geral, veio juntar-se a eles a multidão que tinha abandonado as casas e os casebres. Cheia de esperança, a massa de fugitivos despenca para além da porta, pela ladeira que conduz ao Sarno, e depois segue pelo caminho que acompanha o curso do rio.
Ontem, nesse mesmo caminho, quando ocorrera a procissão de Ísis, muitas e muitas vezes eles pararam ali para rir, cantar e descansar. Hoje correm o mais rápido que lhes permitem os montes de entulho. Vários tropeçam, sem dúvida, mas logo se levantam, pois a menos de um quilômetro encontrarão o mar, um barco e a fuga. Enfim, ofegantes, os primeiros fugitivos chegam ao porto. Ao porto? Ondas de vários metros de altura batem na areia. O mar está muito agitado. Navegar? Como e com o quê? Todos os barcos foram destruídos. Desse lado não há saída. Então novamente se produzem as cenas de confusão cujo teatro é a porta de Herculanum. Aqueles que queriam dar meia-volta deparam com a massa que tenta descer.
DESESPERO
Na noite escura, no meio de assovios do vento que, à beira do mar, recobrou toda a sua fúria, eles se esmagam uns contra os outros. Muitos morrerão pisoteados. Morte relativamente doce, no entanto, se pensarmos que, nessa mesma margem, todos os sobreviventes terminarão com os pulmões tomados de gases. Não havia porta de salvação para os habitantes de Pompéia. Chance de salvação só houve para aqueles que moravam no sul e no sudeste da cidade. E, ainda assim, somente se eles não tivessem demorado para fugir e, durante a fuga, tivessem passado pela porta de Nocera em vez da porta de Stábia. A porta de Stábia também tinha sido soterrada. Mas essa dupla condição foi poucas vezes encontrada. Desse lado, portanto, foram igualmente numerosas as cenas de desolação.
Na grande palestra (ginásio), a erupção surpreendeu os pedreiros em pleno trabalho. Durante alguns instantes eles permaneceram sob os pórticos. Em seguida, um deles teve uma idéia: a latrina. Ela poderia, com efeito, representar um abrigo seguro contra o bombardeio das escórias. Eles correram para lá e se trancaram. No início, demonstraram altruísmo. Quando outros que tiveram a mesma idéia vinham bater na porta, eles abriam. E assim, rapidamente eles se julgaram bastante numerosos e não abriram mais. Quantos, rejeitados desta forma, morreram esmagados pelas colunas do pórtico vizinho? Não se sabe com certeza. De qualquer modo, a julgar pelas ossadas, foram muitos. Mas foi possível reconstituir a agonia de três pessoas, pois, ao asfixiá-las, as cinzas moldaram seus corpos.
Os operários que tinham se trancado não foram salvos por seu egoísmo. Em sua latrina estavam abrigados do bombardeio de escória, mas não da chuva de cinzas. Quando esta se infiltrou, todos pereceram, até o último. Mas muitas outras ossadas foram encontradas no interior e nas proximidades da grande palestra - inclusive mais aqui do que em todos os outros lugares, mostrando que mesmo nesse bairro rico, assim como nas insulae pobres, a maioria não pôde se salvar a tempo. Quando a erupção começou, eles se fecharam, como os ricos, em suas casas. Depois a chuva de cinzas começou, então fugiram. Em família, em grupos patéticos de quatro, cinco ou seis pessoas: o pai, a mãe e os filhos.
Às vezes duas famílias - sem dúvida vizinhas de porta - se uniram, como se este fato tornasse a salvação mais segura. Quando tinham o cuidado de levar consigo seus tesouros, estes não representavam grande coisa: algumas jóias de pouco valor, pouco dinheiro, às vezes absolutamente nada. Pessoas simples, portanto, que, antes de sufocar, caíam ou se lançavam de boca no chão.
Mesmo a porta de Nocera não foi para todos a porta da salvação. Um jovem casal chegou até ela e conseguiu mesmo atravessá-la. Como os outros, os dois se trancaram em casa durante o primeiro bombardeio de pedras-pomes. Agora, para avançar, tinham de lutar contra essa tempestade de cinzas que cega, que se cola à pele e queima a garganta. Grande, vigoroso, com corpo de atleta, o homem caminha na frente, tentando abrir passagem para sua companheira em meio dos montes de lixo. De repente, a mulher cai com o rosto no chão e não consegue mais se levantar. O homem quer ajudá-la, mas também cai. Num último esforço, suas mãos tentam unir-se, mas a chuva de cinzas lhes nega este último favor.
Mas de todas estas histórias da porta de Nocera o mais patético é, sem dúvida, o que segue. Trata-se de 13 pessoas que formavam três famílias - duas famílias de fazendeiros e a família de um comerciante. Eram vizinhos que moravam perto e, provavelmente, se entendiam muito bem. Quando o bombardeio começou, eles conversaram e decidiram se refugiar na casa mais sólida. Depois, quando a chuva de cinzas começou decidiram fugir. Todo o campo já estava coberto de uma mortalha de detritos. Cegos, sufocando, eles pegaram o caminho que passava diante de suas casas. Em primeiro lugar vinha um escravo levando nos ombros um saco de provisões. Atrás dele, dois meninos de 4 a 5 anos caminhavam de mãos dadas para dar coragem um ao outro; tinham colocado sobre eles um pedaço de tela e eles procuravam colocá-la sobre a boca. Em seguida vinham seus pais, o pai ajudando a mãe, sem dúvida uma inválida, a continuar a caminhar. A segunda família era composta de um jovem casal e de uma menina. Cada um protegia a boca com um pedaço de tecido. Enfim vinha a família do comerciante: duas crianças com 10 anos que também estavam de mãos dadas, uma menina mais nova que a mãe conduzia e depois o pai.
E estas 13 pessoas, nessa tempestade de cinzas, nessa noite escura, no meio da escória, continuavam seu caminho. Como poderiam pensar em escapar com crianças tão pequenas? Eles continuavam porque o homem não se resigna facilmente à idéia de morrer imóvel.

RESQUÍCIOS
Vinte séculos mais tarde, nós os encontramos, modelados pelas cinzas, na mesma posição, com as expressões de seus últimos momentos, uns curvados sobre si mesmos, outros estendidos, seja de costas, seja com o rosto contra a terra. Os meninos de 4 a 5 anos tinham as feições calmas; as crianças com 10 anos, os membros entrelaçados, ainda segurando as mãos uma da outra. Quanto ao mercador, caído sobre os joelhos, o braço direito apoiado na terra, as costas estendidas, tentava ainda se levantar quando a morte tomou conta dele.
Tais foram, portanto, as tristes histórias que as diversas portas contaram aos escavadores quando estes as descobriram.
Mas as casas tiveram igualmente inúmeros dramas para contar, pois muitos dos habitantes de Pompéia não se resignaram a abandonar seus bens. Quantos esqueletos intactos ou mutilados foram encontrados nas casas! No subsolo, no térreo, no primeiro andar e mesmo sobre os telhados, já que alguns não hesitaram em subir para a parte mais alta de suas casas, na tentativa de escapar à invasão crescente dos resíduos.
Na propriedade chamada de Diomedes, no Caminho das Sepulturas, o pai fez sua família descer ao porão: uma galeria cuja iluminação provinha de aberturas em sua abóbada e onde ele conservava suas ânforas de vinho com as pontas enterradas no chão. Na pressa, sua mulher passou em volta do pescoço um pesado colar de ouro e nos braços, pulseiras. Sua filha também colocou suas jóias mais preciosas; ele mesmo colocou numa sacola todo seu dinheiro líquido: dez moedas de ouro e 88 moedas de prata com a efígie de Nero, Vitélio e Vespasiano.
E, com boas provisões de pão, frutas e outros alimentos diversos, eles esperam. As horas passam. Eles estão seguros, ou pelo menos acreditam estar. Mas o ar começa a piorar cada vez mais. O pai decide investigar. Com uma chave na mão, seguido por um escravo, ele sai. Uma vez do lado de fora, a chuva de cinzas o sufoca imediatamente. Ele morre. Mas os reclusos da galeria não serão protegidos tampouco.
Impalpável, a cinza não pára de penetrar pelas aberturas, cinza carregada de vapores clorídricos. A moça tenta em vão proteger a cabeça com sua túnica, e os companheiros tentam, também em vão, cobrir o nariz e a boca com tecidos. Séculos mais tarde, os 18 esqueletos serão descobertos, incluindo o de uma criança.
Uma descoberta mais surpreendente ainda aconteceu um pouco mais longe, na propriedade chamada de Mistérios. Na entrada da galeria subterrânea onde se refugiaram os operários que trabalhavam em sua reforma os escavadores foram obrigados a recuar imediatamente. Após tantos séculos, os vapores deletérios ainda estavam ali. Tão presentes que só foi possível enfrentá-los com máscaras contra gás.
Durante todo o dia 24 e todo o dia 25, e ainda no dia 26, a chuva de cinzas não parou. Quando, enfim, na aurora do dia 27, o sol reapareceu, o Vesúvio tinha mudado de forma. Ele possuía agora um topo duplo e, no lugar da antiga cratera, um cone havia se formado. Quanto aos habitantes de Pompéia, 80% deles - 16 mil numa população de 20 mil - jaziam a vários metros de profundidade. A cidade estava morta, mas uma morte que a tornaria imortal.
Fonte Original (Tradução de Mariana Teixeira).
17 julho 2010

PostHeaderIcon Escavações de Pompéia (Pompei)

Localizada na província de Napoli (ou Nápoles, na região da Campania) e aos pés do famoso vulcão Vesúvio, Pompeia é uma cidadezinha com cerca 25 mil habitantes conhecida mundialmente pelo seu fantástico sítio arqueológico. Não deixe de visitá-la!
Quase 2 mil anos atrás, ali havia uma cidade romana. Esta cidade foi completamente destruída no dia 24 de Agosto do ano 79 d.C. em virtude de uma terrível erupção do vulcão Vesúvio.
A erupção do vulcão provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade, que se manteve oculta por cerca de 16 séculos até de ser reencontrada por acaso. Cinzas e lama moldaram os corpos das vítimas, permitindo que fossem encontradas do modo exato em que foram atingidas pela erupção do Vesúvio. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga.
Você não terá dificuldades para chegar até as escavações de Pompéia. Se for de trem, há um regional que sai da estação central de Nápoles (chama-se circumvesuviana) e te deixa na frente da entrada principal do sítio arqueológico (Pompei Scavi).
Informações turísticas: se quiser, faça uma Visita virtual (em inglês - com fotos um pouco antigas). Acesse aqui a página oficial (em italiano).
Nosso próximo post contará um pouco da história da tragédia de Pompéia e o que aconteceu no dia da erupção (do ano 79 d.C.). Não perca!
14 julho 2010

PostHeaderIcon Itália em Agosto...

Caros leitores, para o vosso próprio bem, evitem a Itália no mês de agosto!
Agosto é o mês que a maioria dos italianos tira férias. Isso significa que as cidades turísticas (sobretudo nos litorais) ficarão mais cheias neste mês. Os trens regionais (mais baratos) ficarão cheíssimos e, por isso, frequentemente atrasarão. Os preços de praticamente tudo, especialmente nas cidades turísticas, ficarão mais altos (prepare-se para gastar mais com hotéis, transporte, alimentação, etc.).
Não obstante, o calor que faz em agosto na Itália é insuportável. O sol é muito intenso, o ar fica abafado, você facilmente ficará desidratado... Em suma: eu se fosse você escolheria qualquer um dos outros 11 meses do ano per visitare l'Italia!
11 julho 2010

PostHeaderIcon Bagagem Frágil

Embora muitos viajantes não saibam, vôos internacionais permitem (sem custo adicional) que a bagagem do passageiro seja considerada frágil. Mas você terá que solicitar isso no balcão, ao fazer seu check-in. Para tanto, precisará declarar o conteúdo frágil a ser despachado.
Portanto, se você não levar apenas roupas na sua bagagem, solicite a modalidade "frágil". Além de preservar o estado de conservação dos itens da sua bagagem de porão, você provavelmente receberá suas malas em melhor estado.
Quando a etiqueta "frágil" não está presente, os carregadores costumam ser bastante "indelicados", descuidados. Muitas malas chegam rasgadas, molhadas... Seja esperto: evite isso!
08 julho 2010

PostHeaderIcon De onde vem e o que Significa a Expressão "In Bocca al Lupo"?

Logo que cheguei à Itália alguns colegas se despediam de mim dizendo: "in bocca al lupo" (literalmente, "na boca do lobo"). Por muito tempo fiquei sem entender tal expressão (a qual jamais ouvi nos cursos de italiano que frequentei no Brasil). Seu significado parecia algo como "em cima da hora" ou "tome cuidado"...
Mais tarde descobri que seu significado  - "boa sorte" - nada tinha a ver com a boca do lobo.
Curioso, resolvi pesquisar na internet a origem da expressão que nem mesmo os próprios italianos (que tanto a usam) costumam saber. Embora existam 3 ou 4, a explicação para a origem de "in bocca al lupo" que mais gosto remonta à origem de Roma. Rômulo e Remo foram salvos por uma loba, que depois de os ter encontrado em uma cesta no rio Tevere, cuidou deles e os levou com a boca para um abrigo em uma caverna. Desta forma, quando alguém usa esta expressão, deseja ao seu interlocutor boa sorte ou salvação!
05 julho 2010

PostHeaderIcon Revalidação de Diploma Estrangeiro no Brasil

O curso universitário que fiz no exterior vale no Brasil também? Vamos esclarecer algumas coisas sobre a revalidação (processo também chamado de ”reconhecimento“) do diploma estrangeiro no Brasil.
A idéia de estudar no exterior é muito legal, pode contar pontos no currículo, mas sempre devemos ter em conta que o diploma não é aceito automaticamente fora do país de expedição. Um longo processo burocrático separa a obtenção do documento estrangeiro e o direito de ostentar um título válido no Brasil.
Existe uma diferença entre reconhecer um curso de graduação e um de pós-graduação (mestrado e doutorado). No primeiro caso, o processo pode ser um pouco mais complicado, rigoroso, demorado e o pior de tudo, sem garantias de que a resposta será positiva. O segundo também é longo, mas as chances de ser aceito são bem maiores.

Cursos de graduação
A revalidação de diploma de graduação expedido por instituições de ensino superior (IES) estrangeiras é regulamentada pela Resolução CNE/CES nº 01, de 28 de janeiro de 2002, alterada pela Resolução CNE/CES nº 8, de 4 de outubro de 2007’.
O processo de revalidação é realizado por qualquer universidade pública brasileira que ministre o mesmo curso de graduação realizado no exterior (na mesma área de conhecimento ou em áreas afins). Por isso, antes de viajar de “mala e cuia”, é importantíssimo que o estudante avalie a grade curricular do curso internacional que escolheu e compare com os conteúdos ministrados pelas universidades públicas reconhecidas pelo MEC (disciplinas e principalmente carga horária). Isso ajudará a futura revalidação, pois é muito difícil que a universidade simplesmente aceite o diploma estrangeiro sem solicitar que o aluno curse algumas disciplinas e realize provas e exames, com o objetivo de caracterizar a equivalência, verificar os conhecimentos ou simplesmente complementar a formação (quanto maior o número de disciplinas semelhantes, menores as chances de ter que cursar outras).
Antes de voltar ao Brasil de vez, tenha em mãos, além do diploma, a grade curricular do curso com a descrição de todas as matérias e as respectivas cargas horárias que você cursou, o histórico escolar, as notas e todo documento que julgar importante. Para que estes documentos tenham efeito no Brasil, eles devem estar devidamente legalizados pelas autoridades estrangeiras, e isso nada mais é que outro processo burocrático de reconhecimento de firmas (lembre-se: este processo garante que seus documentos não são falsos e que forma expedidos por uma Universidade Européia reconhecida, simplesmente isso).
Ou seja, todos os documentos devem ser oficiais e assinados por alguma autoridade da universidade e posteriormente enviados, normalmente, ao Ministério de Educação e posteriormente ao de Assuntos Exteriores do país estrangeiro (cada país tem o seu próprio procedimento). Como o Brasil não assinou o convenio de Haya (que permite a reciprocidade entre documentos oficiais emitidos em diversos países) os documentos depois de reconhecidas as firmas devem ser enviados ao Consulado Oficial do Brasil no país em questão (Itália ou outro país) para finalmente terminar o processo de legalização.
Passados os 3 primeiros passos no exterior, os documentos estrangeiros estão prontos para serem apresentados a qualquer autoridade brasileira e, por fim, começar o processo de reconhecimento no Brasil. Em alguns casos é solicitada a tradução juramentada dos certificados (o Brasil tem acordos com alguns países, como a França, que dispensam a exigência de tradução).
Já no Brasil, o primeiro passo é entrar em contato com o Departamento de Relações Internacionais de uma universidade pública reconhecida pelo MEC (preferivelmente a mesma que antes de viajar você comparou os currículos). Cada universidade tem autonomia para realizar o seu protocolo de revalidação, mas normalmente os documentos solicitados são bastante parecidos: diploma, histórico escolar, conteúdo programático, bibliografia… e óbvio, o pagamento de certas taxas.
Depois é sentar e esperar a resposta, já que nada mais depende de você (até que saia um parecer) e não há um prazo estabelecido para a conclusão do processo, o qual é longo porque é avaliado por uma comissão de professores que analisa detalhadamente todas as disciplinas cursadas no exterior e define se estão de acordo com o conteúdo ministrado pelas disciplinas equivalentes oferecidas pela mesma universidade. Em muitos casos, não apenas as matérias cursadas e as notas obtidas são levadas em conta, mas a reputação e o histórico da universidade de origem do diploma.

Cursos de pós graduação
Neste caso, a revalidação é bem menos problemática, complexa e demorada, já que normalmente os cursos são bastante específicos e geram uma dissertação ou tese (mais fácil e rápida de ser avaliada).
Mas nem por isso a burocracia é menor. O processo é praticamente o mesmo: para facilitar a revalidação, antes de viajar escolha um curso que também exista no Brasil; antes de voltar legalize todos os documentos (diplomas, históricos, notas…) nos Ministérios de Educação e Assuntos Internacionais e leve até o Consulado Geral do Brasil na Itália (ou no país em questão); procure uma universidade pública que ofereça um mestrado ou doutorado na sua mesma área de conhecimento, em área afim ou superior; uma cópia da dissertação ou da tese é solicitada e, dependendo da universidade, não precisa ser traduzida para o português. Tenha sempre em conta que cada universidade tem autonomia no processo, ou seja, pode decidir sobre a documentação a ser entregue, as taxas (que não costumam custar menos de R$1000,00 e às vezes passam de R$1500,00), os prazos, comissões… Não existe uma documentação oficial para todas as universidades (confira aqui a documentação na UFSC e na UFRGS).
A idéia de realizar um curso que não existe no Brasil pode ser tentadora em um primeiro momento, mas lembre-se que se não existem profissionais capacitados aqui para dizer se o seu diploma é válido ou não, ele não será revalidado.
Mais informações:
Documentação padrão (graduação - MEC), Informações gerais (pós-graduação),  Informações geraisCaminho tortuoso.
Ver post original, de Glenda Dimuro (Sevilla, Espanha).
02 julho 2010

PostHeaderIcon Aventurando-se fora da Itália...

O mapa ao lado ("powered by Ryanair") dá uma idéia das cidades que você poderá (saindo da Itália ou não) visitar na Europa sem gastar muitos euros. Esses são os trechos Ryanair, provavelmente a maior empresa aérea "low cost" em funcionamento na Europa, mas existem muitas outras operando na Itália. Algum exemplos são: Easyjet, Norwegian, Germanwings, Airberlin, Jet2.comVueling ou Clickair, Myair (parece que essa faliu), Wizz Air e "não-sei-mais-o-que-air".
Como encontrar a melhor tarifa? Há algumas semanas publicamos um post explicando. Confira!
Normalmente os aeroportos low cost não ficam na cidade que você deseja visitar. Normalmente eles ficam a uma distância de 40 a 80km, mas sempre existem ônibus ou trens para o translado (ao comprar o bilhete, é importante que você inclua o valor de 5-10 euros, em média, por trecho - você encontrará o valor exato nos websites dos aeroportos de destino).
Fique ligado! Em breve postaremos alguns roteiros low cost (nossos preferidos) saindo da Itália...

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